🔒 A gaiola dourada no mercado de trabalho português
Foi noticia que Portugal é o país da 🌍 UE com a maior disparidade educativa entre gerações. Segundo os dados publicados pela Fundação José Neves mais de metade dos 🧑 adultos entre os 35 e 64 anos têm apenas o ensino básico. Será isto um 🧩 problema? Ou será uma consequência das politicas adotadas? Que custo representa para a sociedade este facto?
Foi ontem noticia que Portugal é o país da UE com a maior
disparidade educativa entre gerações. Segundo os dados publicados pela Fundação
José Neves mais de metade dos adultos entre os 35 e 64 anos tem apenas o ensino
básico. Ainda segundo esta fundação existe uma clivagem acentuada que se divide
entre uma faixa etária jovem com escolaridade mais longa, mas com dificuldade
em entrar ou manter-se no mercado de trabalho e uma faixa etária mais velha,
mais experiente, mas menos qualificada.
À luz desta informação cumpre perguntar o que motiva, por um
lado a dificuldade da geração mais bem preparada de sempre de entrar no mercado
de trabalho. Este é um dos custos da rigidez deste mercado. Como é sobejamente
conhecido nos meios económicos a melhor forma de diminuir o desemprego não é
impedir o despedimento, é torná-lo mais fácil de forma que não haja entraves à
renovação do capital humano. Como Carlos Guimarães Pinto descreve, restringir o
despedimento para aumentar o emprego é análogo a querer aumentar o tráfego da
autoestrada impedindo a quem circula na mesma de sair a meio, para os forçar a
estar mais tempo na autoestrada, e como é obvio, com esta medida menos gente
iria utilizar a autoestrada. Ou seja, quanto mais difícil é a uma empresa
adaptar a força de trabalho às mudanças do mercado maior a resistência para se contratar.
O efeito colateral desta situação é que o custo de manter uma força de trabalho
rígida é pago por todos aqueles que em início de carreira ganham salários
baixos, ou não conseguem sequer uma oportunidade, uma vez que o capital
necessário para as contratar ou pagar salários melhores está a ser usado para
manter as pessoas mais antigas na empresa. Ou seja, estão as gerações mais
recentes a usar estradas de terra batida para as mais velhas poderem sair da
autoestrada apenas no final.
Outra pergunta essencial a fazer é o que contribui para que
a formação durante a vida ativa tenha uma procura baixa? Segundo os dados deste
estudo apenas 10% da faixa etária entre os 25 e 34 fizeram algum tipo de
formação no ano passado. Ora se não existe estímulo para se continuar a ser
relevante para a empresa, pela dificuldade que existe na renovação da força de trabalho
ou não existem oportunidades no mercado de trabalho pela mesma razão, porque
deverão as pessoas investir tempo e dinheiro em se manterem relevantes ou ambicionarem
transitarem para uma área com melhores oportunidades? Enfim, tudo consequências
de políticas implementadas tendo em vista uma aparente estabilidade que apenas
causa uma eterna instabilidade nas gerações mais jovens emprisionando todos
numa gaiola dourada.
Citação de Espinoza, filosofo holandês
do século XVII - “É aos escravos, e não aos homens livres, que se dá um prémio
para os recompensar por se terem comportado bem.”
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