🚴 Como Bruxelas pretende regular as plataformas digitais
Passaram 3 anos desde a introdução da lei Uber e já se começam a avizinhar no horizonte nova onda de regulamentação 🇪🇺 europeia e 🇵🇹 nacional. Quais as consequências para os consumidores de um aumento da rigidez das regras das plataformas digitais? Lembram-se de um mundo em que apanhar um táxi limpo, bem cheiroso e um condutor simpático era um luxo?
No passado dia 9 de dezembro, a comissão europeia apresentou
uma proposta de diretiva para combater o falso trabalho independente nas
plataformas digitais de transporte de pessoas, bens ou limpezas. Segundo o
artigo no Jornal Observador “A ideia é que os Estados-membros estabeleçam os
“procedimentos adequados” para verificarem a existência ou não de um vínculo
de trabalho dependente entre a plataforma digital e o trabalhador.” Para isso
a comissão propõem a existência de 5 indícios, sendo que pelo menos dois
devem ser verificados para que seja reconhecido o vínculo de trabalho dependente.
Entre os 5 critérios constam, a plataforma determinar os limites máximos de
remuneração, a obrigação de respeitar determinadas regras de conduta e supervisionar
o trabalho nomeadamente através de dispositivos GPS.
A consequência desta diretiva, sendo aprovada, permitirá aos
estados-membros exigirem que as plataformas paguem o salário mínimo e que estendam
os restantes benefícios sociais aos fornecedores do serviço que usam a
plataforma.
Coincidência ou não a presidente da AMT, Ana Paula Vitorino,
veio a público defender que a tipologia de contrato que os operadores de TVDE
celebram com os seus motoristas deve receber maior fiscalização, a par com a
relação dos operadores de plataforma com os seus motoristas. Já se percebe o
que isto significa!
Convém lembrarmo-nos da completa revolução pela positiva
efetuada pelas múltiplas plataformas digitais que surgiram nos últimos anos que
criaram aquilo que se chama a gig econonomy.
A gig economy envolve a troca de mão-de-obra por dinheiro
entre particulares ou empresas através de plataformas digitais que facilitam a
correspondência entre fornecedores e clientes, numa base de curto prazo e de
pagamento por tarefa.
Esta filosofia de trabalho permite aos fornecedores definir,
por exemplo, que alturas querem trabalhar, permitindo complementar a sua principal
atividade profissional ou mesmo depender apenas deste tipo de atividade.
Esta diretiva, irá ter consequências profundas no serviço
prestado, uma vez que distorce o princípio básico que sustenta o negócio que
todos nós hoje em dia dependemos. Ao aumentar os custos para as plataformas e a
rigidez laboral isso será equivalente a aumentar o preço para o consumidor
final e a empurrar para a rua todos os fornecedores que preferem a flexibilidade,
uma vez que a plataforma terá de privilegiar quem detém um vínculo de trabalho,
diminuindo a concorrência e com isto a qualidade do serviço prestado. Mais um
exemplo maravilhoso de como o estado para benefício de alguns destrói a vida de
outros.
Milton Friedman - “Se o
governo federal começar a mandar no deserto do Sahara, daqui a 5 anos haveria
falta de areia.”
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