🔚 O fim do contrato social como o conhecemos
Esta semana o Conselho de Finanças Públicas veio avisar que para manter as pensões do futuro serão precisos “esforços adicionais”. Mas afinal qual o racional por trás do nosso sistema de segurança social?
Artigo do Filipe Charters de Azevedo
Esta semana o Conselho de Finanças Públicas veio avisar que
para manter as pensões do futuro serão precisos “esforços adicionais”. O
CFP é um órgão que é responsável por avaliar a sustentabilidade da política
orçamental Portuguesa.
No relatório publicado pelo CFP é indicado que “serão
necessários esforços adicionais em termos de finanças públicas para manter o
nível de benefícios sociais concedidos atualmente“, o que pode implicar “fontes
de financiamento alternativas” incluindo “aumentos de impostos
e/ou de contribuições para a Segurança Social”. Além disso acrescenta que
mesmo que as pensões sejam diminuídas para evitar o aumento de impostos, como
existe o recurso a prestações complementares como o complemento solidário para
idosos, este efeito pode ser cancelado.
Este alerta da CFP coloca em questão toda a definição de
contrato social que está magistralmente explicada no artigo do Filipe Charters
de Azevedo para o Dinheiro Vivo. Nesse artigo está explicado que a base do
contrato social é que “os empregados, tipicamente os mais novos, pagam
reformas e pensões de todos os que não podem trabalhar ou precisam de
ajuda”. Ou seja, quem trabalha não está a poupar para a sua reforma está
a pagar o benefício de quem já se reformou.
Este princípio tem implicações relevantes, como por exemplo,
que é a contribuição que está definida não o benefício. Ou seja, o benefício
varia consoante a capacidade de a sociedade gerar riqueza. Temos
mais população ativa ou somos mais produtivos iremos contribuir mais e com isto
aumentar os benefícios, temos menos população ativa ou somos menos
produtivos temos de diminuir os benefícios. Parece-me uma prudente forma
de gestão. Não gastar mais do que temos porque afinal o dinheiro não nasce
das árvores, não é verdade!?
No entanto fruto de eleitoralismos o que temos observado é a
captura de cada vez mais receita fiscal para reforçar os benefícios, sobrecarregando
o tecido produtivo da sociedade. Como o Filipe descreve no seu artigo “O IRC já
financia a segurança social desde 2018 e o adicional do IMI desde 2017”. Ou
seja, quebrou-se o conceito de contrato social e passou-se a gerir com
base no conceito de redistribuição governamental, numa lógica de que
redistribuindo se está a gerar valor para quem recebe, ignorando que é quem trabalha
que criar esse mesmo valor.
Jean Jacques Rousseau, filósofo
do século XVIII - “O dinheiro que temos é o instrumento da liberdade; aquele de
que andamos atrás é o da servidão.”
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