🧳 Emigração portuguesa

Nestas semanas temos ouvido vários dos nossos governantes falarem sobre a diminuição do número de 😘 emigrantes. Mas será que este número só por si representa um sinal que hoje as pessoas 🗽 encontram em Portugal aquilo que as fez e continua a fazer outras partir?

Ouvimos constantemente membros do governo dizerem que o saldo migratório, que representa a diferença entre número de pessoas que entraram e saíram por migração, tem sido positivo e que existe cada vez menos portugueses a emigrar.

De facto, existe um saldo migratório positivo e desde 2014 temos diminuído o número de portugueses que escolhem emigrar, no entanto nada nestes dados nos diz como nos comparamos com o resto da europa.

Ter um contexto comparativo é de importância extrema, pois existem vários fatores internos e externos a um país que podem influenciar a decisão de uma pessoa emigrar. Por exemplo, pode haver uma maior necessidade de mão de obra noutro pais com maior remuneração que atraia as pessoas a sair das suas casas.

Olhando para o relatório “Emigração Portuguesa 2020” produzido pelo Observatório da Emigração constatamos e cito “Focando a comparação no quadro europeu, conclui-se que Portugal era, em 2017, o primeiro país da UE com mais emigrantes em percentagem da população (21.9%).”. Se recuarmos até ao relatório de 2014 temos praticamente a mesma conclusão “Com uma taxa de emigração de 21%, Portugal era, neste indicador, o 12.º país do mundo com mais emigrantes (considerando apenas os países com mais de um milhão de habitantes) e o primeiro entre os países da União Europeia”.

Ou seja, estamos piores hoje no que respeita à taxa de emigração do que estávamos no relatório de 2014.

Se olharmos para os resultados do Programa Regressar que o governo lançou para “apoiar os emigrantes, bem como os seus descendentes e outros familiares, de modo a que tenham melhores condições para voltar a Portugal e para aproveitar as oportunidades que hoje existem no nosso país”, observamos que em 2019 cerca de 3000 pessoas beneficiaram deste programa. Este número representa menos de 4% do total de pessoas que emigraram, claramente uma gota de água no oceano.

A conclusão só pode ser uma, as políticas que nos conduziram à estagnação económica dos últimos 20 anos têm mantido o problema da emigração vivo, sendo as várias medidas implementadas para dar mais esperança e oportunidades aos portuguese pouco mais que propaganda.

Eça de Queirós - “Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre.”


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